Indústrias moveleiras do norte gaúcho enfrentam queda de até 30% nas exportações para os EUA
Taxação imposta por Donald Trump afeta fábricas de Sarandi e Nova Boa Vista. Setor ainda não registra demissões, mas teme impactos futuros
Pouco mais de 50 dias após o início da taxação do presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros, as indústrias moveleiras do norte do RS têm queda nas vendas para os Estados Unidos. Fábricas de Sarandi e Nova Boa Vista apontam retração de 30%.
Até o momento, o setor não registrou demissões por causa das tarifas, mas teme impactos futuros.
A fábrica de móveis planejados do Tarcísio Liell, em Nova Boa Vista, ingressou no mercado norte-americano há dois anos. As vendas estavam em bom volume e, para 2025, existia um plano de conseguir consolidar ainda mais a marca nos EUA.
— Aquilo que era o sonho de um negócio diferenciado para nós no mercado, a gente estava conseguindo entrar bem, agora está a dúvida. O que vai acontecer com esse negócio? Baixou no mínimo 30% ou mais as vendas para o cliente final— aponta.
O mesmo percentual de retração é percebido também pela fábrica de móveis planejados do Edson Finger Junior. De toda a produção da indústria dele que vai para fora do país, 32% têm como destino os Estados Unidos.
— A gente vem sofrendo, sim, quedas nos volumes das vendas. Estamos falando em torno de 25% a 30% de queda das vendas do que é destinado para o mercado americano — diz.
Movergs ainda calcula efeitos no setor
A Associação da Indústria de Móveis do RS (Movergs) aponta que somente 16% das exportações gaúchas do setor têm como destino o país de Donald Trump, o que pode reduzir a dimensão do impacto. Porém, a Movergs continua analisando os efeitos que o tarifaço norte-americano trouxe às indústrias do Estado.
— Estamos analisando, mas não temos ainda uma conclusão definitiva. O importante é o seguinte, nós não temos, não chegou a nós ainda, demissões do setor moveleiro devido à essa taxação dos Estados Unidos — explica o presidente da associação, Euclides Longhi.
mbora não haja registro de demissões por conta do imbróglio, a Associação Comercial, Industrial e Agronegócios de Sarandi (Acisar) teme que, caso as taxas se mantenham, postos de trabalho possam ser afetados.
— O que nos causa uma preocupação, até pensando numa questão futura, é o número de empregos nesse setor. Em Sarandi, no último ano, houve um número muito positivo: foi o terceiro setor que mais empregou aqui no nosso município — destaca o presidente da Acisar, Matias Grellmann Leal.
Alternativa é fortalecer outros negócios
Antes do tarifaço, fábricas viviam momento de negócios aquecidos e expansão nas vendas.Reprodução RBS TV / Divulgação
A empresa de Edson Finger Junior atua no mercado internacional há mais de 20 anos e já fechou negócios em 12 países das Américas. Agora, diante da retração nas vendas para os EUA, a fábrica reforça ações para aquecer as vendas nos outros lugares.
— Desde o início, a gente sempre fala que não é colocar todas as cartas no mesmo mercado, no mesmo país. É diversificar o mercado, buscando o nosso público consumidor em diferentes países. Então, foi um baque grande, os volumes caíram, mas a gente está constantemente revendo o nosso planejamento, revendo todas as ações e focando também nos demais países — explica.
Já Tarcísio Liell pondera que, embora o crescimento esteja abaixo do projetado, a empresa segue buscando novos negócios no Brasil:
— A gente vem crescendo todos os anos, esse ano de novo nós vamos crescer no mercado brasileiro. Fizemos aqui uma estrutura nova, ampliação, indústria nova. O foco era para crescer bastante, e esse crescimento está baixo hoje, bastante por causa dos Estados Unidos. Ou seja, a gente não está atingindo os números projetados, mas não estamos muito longe, não.
Fonte: GZH Passo Fundo
Foto: RBS TV / Divulgação