Casal morre com dois dias de diferença em Carazinho: "Eram o suporte um do outro"

Neusa Terezinha de Mattos Alves e Arlindo Alves morreram entre os dias 4 e 6 de setembro. Eles foram casados por 53 anos

A história de amor de mais de cinco décadas entre Neusa de Mattos Alves, 74 anos, e Arlindo Alves, 76 anos, terminou marcada pela união. O casal morreu com dois dias de diferença em Carazinho, no norte do Estado. 

Arlindo faleceu na última quinta-feira (4). Já no sábado (6), após participar do velório do marido, Neusa morreu vítima de um infarto.

— Eles eram o suporte um do outro — relembra Maria Aparecida Mattos, irmã de Neusa. 

No velório de Arlindo, a esposa surpreendia pela força: consolava familiares e tentava transmitir serenidade, apesar da própria dor. Maria Aparecida conta que a irmã foi convidada pelo padre para descrever o marido. 

— Pai extremamente amorosoresponsável pela família; uma pessoa extremamente honesta. Essas foram as palavras que ela descreveu ele — disse Maria Aparecida.

Dois dias depois do marido, Neusa sofreu um infarto repentino em casa. O filho pediu a ajuda de vizinhos e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas ela não resistiu e morreu a caminho do hospital

— Foi uma surpresa para a família a morte dela.

Companheiros apesar das diferenças

Naturais de Carazinho, o casal se conheceu na escola. O namoro, no entanto, só começou anos mais tarde, quando começaram a frequentar um clube de jovens da cidade.

— Eu era a responsável por acompanhar eles. O meu cunhado me ofertava chocolate, porque ele queria passear com a minha irmã e eu só ia passear se quisesse — lembra Maria Aparecida.

Em 22 de abril de 1972 eles se casaram. Em 53 anos de união, tiveram três filhos, criados entre as viagens de caminhão de Arlindo e a energia incansável de Neusa, que conciliava o trabalho como doméstica com a administração da casa. 

Mais do que o tempo, o casal dividia cumplicidade, rotina e afeto. Ela expansivavaidosa e sempre pronta para acolher. Ele mais reservadotrabalhador e dedicado à família

Neusa acabou deixando a profissão de lado para cuidar do marido após ele sofrer um derrame. Alegre e espontânea, é lembrada por seu bom humor diário e cuidado com o próximo

— Ela contava para todo mundo que se olhava no espelho de manhã e dizia "como você está linda hoje”. Gostava muito de fazer comida, era o prazer dela. A pessoa chegava na casa deles e do nada brotava comida, ela fazia banquetes — recorda a irmã.

Com o passar do tempo, as diferenças entre os dois se tornaram complementos. Neusa gostava de participar de grupos, conversas e encontros, sempre rodeada de pessoas. Arlindo preferia o silêncio e a tranquilidade, mas fazia de tudo pela esposa. 

— Ela dizia "nunca vai me faltar nada porque eu tenho o meu Arlindo". Ele não gostava de barulho e ela era extremamente barulhenta, mas sempre se apoiavam.

Fonte: GZH Passo Fundo

Foto: Maria Aparecida Mattos / Arquivo pessoal

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